terça-feira, 15 de setembro de 2009

O visitante catalão



Pep Duran, contador de histórias, editor e livreiro espanhol, esteve na Primavera dos Livros. É um dos responsáveis pela livraria Robafaves, em Barcelona, criada em 1975, no sistema de cooperativa. Sobre ela, Pep contou a seguinte história.

Em 1981, no dia 18 de julho, triste aniversário dos 45 anos do levante fascista contra a República espanhola, uma chuva torrencial inundou a livraria e molhou todos os livros. Os livreiros, então, recolheram da água empoçada umas coisinhas pretas que boiavam, confundidas inicialmente com insetos, mas que eram, na verdade, milhares de letras. Também colocaram para secar sobre as mesas todos os livros, com as páginas agora vazias. Abriram a livraria na manhã seguinte e cada comprador pôde levar um livro em branco e um saco de letras, para compor ele mesmo uma história.

"Cada leitor busca em um livro a sua história e quer ouvir sua própria voz leitora. Ele decide ler aquilo que o ajuda a recuperar as memórias de sensações em seu corpo", ensina Pep. Para isso, ele narra as histórias com fantoches, instrumentos de percussão, chapéus e outros apetrechos que traz na mala de contador. "Uma livraria é uma caixa de música [ele tem mesmo uma caixa de música na bagagem], cheia de segredos."
Fotos de Kriz Knack

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