sábado, 12 de setembro de 2009

O ressurgimento da política

Para o ex-senador Roberto Saturnino Braga, começa agora um novo ciclo, no Brasil e no mundo: o do ressurgimento da política. "Isso significa que a política vai voltar a ter importância para as pessoas e despertar o interesse da sociedade", diz ele, que lançou hoje, na Primavera dos Livros, em São Paulo, o livro O curso das Ideias-História do pensamento político no mundo e no Brasil, da Editora Fundação Perseu Abramo e da Publisher Brasil.

Esse novo movimento do pensamento político se tornou evidente, na opinião do ex-senador, a partir da pane que atingiu os mercados financeiros globais, em setembro do ano passado. E se traduz pela presença mais forte do Estado. Na América do Sul, isso acontece de forma clássica, mas também nos Estados Unidos, onde o governo tenta implantar programa de saúde pela primeira vez sem base na iniciativa privada, e no Japão, onde a centro-esquerda ganhou relevância recente.

"O ciclo iniciado na década de 80, com o neoliberalismo, a globalização, o esvaziamento e descrédito da política está se encerrando", avalia. O novo ciclo, de resgate da prática política, deve atingir seu auge em 20, 25 anos. Ele acredita que um dos resultados seja a qualificação dos parlamentares brasileiros. "O desinteresse da população pela política se reflete na baixa qualidade da representação. Essa crise no Senado mostra que as pessoas estão entendendo que precisam escolher melhor."

Outra novidade no pensamento político global, na opinião de Saturnino Braga, é a influência cada vez maior do Brasil nas decisões internacionais. "O Brasil vai passar a influir nos processos de decisão do mundo." De um lado, devido a fatores econômicos, como as reservas de petróleo na camada pré-sal, de outro, a características que seriam específicas do pensamento político brasileiro.

"A capacidade de conciliar opiniões radicais. Desde a declaração da Independência, feita pelo próprio filho do rei, até a gestão de Lula, que deixou Henrique Meirelles no Banco Central, mas interrompeu o fluxo das privatizações e lançou os programas sociais. É a nossa sabedoria de encontrar formas de fazer as coisas sem violência. Por isso, o Brasil será muito importante na mediação de conflitos, como no caso da instalação das bases militares americanas na Colômbia."

Nenhum comentário:

Postar um comentário