sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Independentes em destaque na Premiação da Biblioteca Nacional

A Fundação Biblioteca Nacional divulgou o nome dos vencedores do concurso “Prêmios Literários da Fundação Biblioteca Nacional 2009”, realizado em parceria com o Ministério da Cultura. Entre os premiados, há vários autores com obras publicadas por editoras independentes associadas à Libre-Liga Brasileira de Editoras. Das oito categorias, a Libre comparece em cinco.

Confira:

Prêmio Alphonsus de Guimaraens - Categoria: Poesia - Reynaldo Damazio, com Horas perplexas, da Editora 34 (2ºlugar).

Prêmio Clarice Lispector -Categoria: Conto - Beatriz Bracher, com Meu amor, da Editora 34 (1º lugar);
José Rezende Jr., com Eu perguntei pro velho se ele queria morrer, da Editora 7 Letras (2º lugar).

Prêmio Paulo Rónai - Categoria: Tradução - Paulo Werneck, com Zazie no Metrô, publicada pela Editora Cosac Naify (2º lugar);
Luís Antônio Martinez Corrêa, com O Percevejo, da Editora 34 (3ºlugar).

Prêmio Aloísio Magalhães - Categoria: Projeto Gráfico - Marina Carolina Sampaio, com Lina por escrito: textos escolhidos de Lina Bo Bardi, de Silvana Rubino e Marina Grinover, pela Editora Cosac Naify (1ºlugar).
Luciana Facchini, com Bili com limão verde na mão, de Décio Pignatari, pela Editora Cosac Naify (3ºlugar).

Prêmio Glória Pondé - Categoria: Literatura Infantil e Juvenil -- Graziela Bozzano Hetzel. com O Lobo, da Editora Manati (3ºlugar).

Para ver todos os premiados:
http://www.bn.br/portal/arquivos/doc/ResultadoPremioLiterario2009.doc

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Libre apoia os Cavaleiros da Cultura

O presidente da Associação Cavaleiros da Cultura, Carlos Oscar Niemeyer, esteve na Primavera dos Livros Rio de Janeiro 2009 reunido com a diretoria da Libre. Em pauta, a possibilidade de uma parceria com a Libre-Liga Brasileira de Editores para a segunda etapa da Cavalgada Cultural Brasília 50 anos, que vai sair de Belo Horizonte, em março do ano que vem, distribuindo livros pelas cidades do trajeto que leva até Brasília. "Nosso desejo é sensibilizar editoras com esse perfil, que divulgam a cultura e os autores brasileiros", destacou Niemeyer, segundo nota publicada no site da ACC.

A Associação Cavaleiros da Cultura é um grupo sem fins lucrativos, criado em Minas Gerais com o propósito de cavalgar pelo país, incentivando a leitura, a pesquisa e a preservação da cultura. O projeto Cavalgada Cultural Brasília 50 anos homenageia a capital federal e o arquiteto Oscar Niemeyer, padrinho da entidade. A primeira etapa da viagem foi concluída em julho de 2009, no percurso de 650 km entre Niterói e Belo Horizonte, quando foram distribuídos 57 mil livros em 25 municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, beneficiando 32 mil pessoas. A arrecadação começou seis meses antes, através de contatos com editoras, escritores e doadores particulares.

Para a segunda etapa da viagem a expectativa é que sejam arrecadados 63 mil livros, completando a marca de 100 mil exemplares. Os cavaleiros planejam sair de Belo Horizonte em março de 2010, e chegar a Brasília no dia 21 de abril, data de comemoração de seu cinquentenário.

Iniciativa
Tudo começou em julho de 2007, quando 16 cavaleiros participaram da "Cavalgada do Centenário de Oscar Niemeyer", idealizada por seu neto Carlos Oscar Niemeyer. Saiu de Goianá (MG) e distribuiu 12 mil livros em 25 bibliotecas e escolas públicas de cidades do interior de Minas e São Paulo. Foram 813 quilômetros percorridos até a cidade de Barretos (SP), em 19 dias de atividades.

No encontro com a presidente da Libre, Cristina Warth, na Primavera dos Livros Rio de Janeiro 2009, a Associação concordou em priorizar a compra de livros de editoras associadas, caso receba o patrocínio pleiteado para o ano que vem. Além disso, representantes de editoras já confirmaram doação, como a Uapê. A professora Leda Hühne, proprietária da editora, enviou um e-mail aos Cavaleiros da Cultura doando mil exemplares para a II etapa da Cavalgada Cultural Brasília 50 anos. Essa é a segunda vez que a Uapê doa livros à instituição. No início de 2009, a editora foi a primeira a abraçar a causa da I etapa da viagem. A diretora da Alis Editora, Elizabeth Campos, aproveitou o evento para apresentar a Niemeyer editores e escritores presentes.

Outras editoras interessadas em participar podem entrar em contato com a assoicação no site
www.cavaleirosdacultura.org.br

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ciranda em Londrina




A livraria infantojuvenil Ciranda fica em Londrina, no Paraná. Lá tem contação de histórias, shows e oficinas, numa loja que mistura livros, CDs e muitos brinquedos educativos. Criança que entra nessa ciranda, não quer mais sair...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Primavera dos Livros abre nesta quinta

A 15ª Primavera dos Livros será aberta ao público nesta quinta (26), nos jardins do Museu da República, a partir das 18h. O grande encontro dos editores independentes vai até o dia 29, com a literatura de Cordel como tema, em homenagem ao centenário de nascimento do poeta e cordelista cearense Patativa do Assaré. O evento é realizado pela Libre-Liga Brasileira de Editoras, com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultural do Rio de Janeiro, das 10h às 22h. Estão previstos lançamentos, atividades para crianças, programação especial para profissionais do livro (dia 26), com seminário internacional de editores independentes, para professores (dia 27), atividades infantojuvenis, uma centena de lançamentos e venda de livros com até 40% de desconto. Em cerca de 90 estandes, os editores estarão presentes para trocar ideias com o público. A entrada é gratuita.

15ª Primavera dos Livros
26 a 29 de novembro de 2009 (dia 26, a partir das 18 horas)
Jardins do Museu da República
Rua do Catete, 153 - RJ
Das 10h às 22H
Entrada gratuita

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Libre questiona GDF sobre compra pública de 141 mil livros

A Libre enviou carta ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, pedindo esclarecimentos sobre a notícia de que a Secretaria de Educação se prepara para comprar 141 mil livros infantis e juvenis (47 títulos, 3 mil exemplares de cada um) de uma única editora. O documento é assinado por Cristina Warth, presidente da entidade que representa 104 pequenas e médias editoras. A aquisição do GDF seria destinada a compor o acervo de suas escolas e bibliotecas.

"Queremos crer que essa notícia não seja verdadeira, pois representaria atitude de privilégio para com uma única empresa e falha grave na gestão do recurso público, ignorando a produção de dezenas de editoras que durante todo o ano, diretamente ou via seus representantes, apresentaram livros para análise, como é de praxe nas compras de livros para formação de acervos de escolas, bibliotecas e alunos da rede pública", afirma a carta.

Segundo Cristina, nos últimos anos, verifica-se a inclusão cada vez maior de pequenas e médias editoras nas compras públicas, resultado da profissionalização do setor e do aumento da diversidade e qualidade dos livros que chegam ao mercado. Além disso, os governos têm se preocupado em compor acervos que representem a produção editorial do país.

"Nunca é demais lembrar que é a existência das pequenas e médias editoras que garante a bibliodiversidade e a renovação cultural, pois são elas que via de regra criam oportunidades para o lançamento de novos autores e de projetos editoriais diferenciados. Várias dessas casas editoriais recebem os mais importantes prêmios literários nacionais e internacionais. Portanto, desconsiderar seus catálogos no momento de compor acervos públicos representa não só uma grave falha técnica do órgão responsável, mas também uma negligência em relação à responsabilidade do comprador no fomento da cultura nacional", escreveu Cristina ao governador.

sábado, 14 de novembro de 2009

Libre prepara presença na Bienal

Na foto, da esq. para dir.: Rejane Dias (Autêntica Ed./Libre), Eduardo Mendes (CBL), Eliana Sá (Sá Editora e vice-presidente da Libre), Reinaldo Reis (Edi.Fund. Perseu Abramo/Libre), Miriam Gabbai (Callis/Libre), Camila Perlingeiro (Pinakotheke/Libre), durante reunião para discutir a participação dos editores da Libre na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, marcada para 12 a 22 de agosto de 2010, no Pavilhão de Exposições do Anhembi.

A primeira proposta de design prevê a ocupação dos 400 metros quadrados de área reservada por um estande coletivo central e por duas ruas laterais. Nelas, também estarão editoras associadas à Libre, mas em estandes próprios, que poderão ter de 20 a 30 metros. No estande central compartilhado, as áreas podem variar de cinco a 20 metros por expositor. E, em todos os pontos, inclusive naqueles estandes instalados nas duas ruas laterais, será obrigatória a identificação clara, para o público, de editora filiada à Libre. Dessa forma, quem quiser participar da Bienal com o caixa único – em que o responsável pelas vendas presta contas depois do evento das obras vendidas por cada editora --, poderá fazê-lo no estande central. Mas quem preferir levar sua própria estrutura de atendimento e faturamento também tem essa opção garantida.
A ideia foi desenhada pelo arquiteto Andrés Neumann Oropesa, o mesmo que criou os estandes da Primavera dos Livros e o da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para a feira do livro de Frankfurt, em outubro, na Alemanha. “Queremos apresentar um grande espaço Libre na Bienal”, diz Cristina Warth, presidente da Liga Brasileira de Editoras. Até este mês, cerca de 90 associados já tinham confirmado interesse em participar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Editora da Libre é a primeira brasileira a ter livros para Kindle

A Ibis Libris é a primeira editora brasileira a ter livros no catálogo da Amazon para o leitor eletrônico Kindle ou celulares IPhone, da Apple. Desde o início deste mês, Marco Polo e a Princesa Azul (Thereza Cristina Rocque da Motta) e Gozo de Ulysses (Noga Sklar) estão à venda no site norte-americano.

Na opinião de Thereza Cristina, autora, editora da Ibis Libris e diretora da Libre-Liga Brasileira de Editoras, as versões eletrônicas dos livros “não são uma ameaça ao mercado editorial, mas apenas uma nova forma de atuar”. Segundo ela, para vender na Amazon para Kindle, a obra precisa estar em inglês (ainda que bilíngue), e a editora ou autor também deve ter um representante com sede e conta-corrente nos Estados Unidos. O livro está à venda por US$ 9,00 na loja virtual. O próprio Kindle, no Brasil, com impostos, custa cerca de R$ 900,00. Mas quem não tiver o leitor eletrônico, poderá ler as obras em computadores convencionais, graças a um software liberado este mês pela Amazon – o Kindle for PC.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Para conhecer a arte paraense

A Foxvideo fica em Belém, no Pará. Surgiu em 13 de maio de 1987, já então fazendo locação de vídeo, mas também de livros. Um ano após sua inauguração, em parceria com a Fox e o Cine Libero Luxardo, fez surgir a Sessão Maldita, iniciativa que trouxe à cidade uma série de filmes – muitos deles de arte – que nunca tinham sido exibidos no circuito local.

Em 2004, num lance de risco, mudou a matriz de endereço e de perfil. A nova loja ganhou livraria, espaço para venda de DVDs, café, conveniência e área para divulgação e comercialização dos trabalhos de artistas e artesãos da terra. Em 2006, abriu a loja virtual para locação e venda de todos os produtos disponíveis nas suas lojas físicas. Mesmo no site, o menu reserva um espaço especial para os "artistas paraenses". Está lá, por exemplo, o livro Dalcídio Jurandir - romancista da Amazônia, com a biografia e os textos do jornalista, poeta, crítico literário e ativista político, organizado pelos pesquisadores Soraia Reolon Pereira e Ruy Pereira, e pelo crítico literário Benedito Nunes, numa co-edição da Fundação Casa de Rui Barbosa e da Secretaria de Cultura do Pará. A foto foi enviada por Deborah Miranda, diretora comercial. http://www.foxvideo.com.br

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Livro, cinema e música



A Letras & Prosa Livraria fica em Vitória da Conquista, na Bahia. No início deste ano, ampliou o espaço em parceria com o Viela Sebo-Café. Além de bons livros e boa música, oferece, agora, exibições de filmes, exposições e outras atividades culturais. A programação começa na quinta-feira à noite, com sessão de cinema às 19h; às sextas-feiras, música ao vivo a partir das 20h; aos sábados à tarde, saraus literários, sessões de autógrafos, café filosófico... e, à noite, música ao vivo. É mesmo lugar de letras, e prosa à vontade. A foto foi enviada pelo livreiro Euvaldo C. Gomes, que também indica o http://www.letraseprosa.blogspot.com

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Libre quer a difusão da leitura na pauta da Conferência de Comunicação

Editores independentes presentes ao debate com concessionárias e grupos de mídia querem garantir marcos legais e políticas de fomento à produção editorial

Editores da Libre se preparam para a Conferência Nacional de Comunicação, prevista para 14 a 17 de dezembro, e estarão presentes tanto na etapa municipal, ainda sem data marcada, quanto na Conferência Estadual de Comunicação, de 20 a 22 de novembro. “É a primeira vez que a comunicação social no Brasil será debatida com os diferentes integrantes desse segmento – publicitários, operadoras de telecomunicações, concessionárias de rádio e televisão, jornalistas e outros setores da sociedade civil”, destaca Renato Rovai, editor da revista Fórum, da Publisher Brasil, integrante do Fórum Mídia Livre e um dos representantes empresariais da comissão de organização da etapa estadual da Confecom. Para a Libre e seus associados, diz ele, a Conferência é “mais um momento para que os editores de pequenas e médias empresas discutam com as concessionárias e grupos de mídia políticas de difusão e promoção da leitura”.

Como as comunicações envolvem serviços públicos, um dos aspectos ou contrapartidas do direito dado pelo governo às empresas que os exploram é a difusão cultural e educativa. “Estamos em boa hora para debater se isso vem sendo feito como deveria, do ponto de vista do setor editorial. Acredito que, nas televisões e nas rádios, não há atualmente esse espaço para promoção da cultura, especialmente da cultura editorial”, avalia.

Por isso, Rovai espera que mais editores e associados da Libre se integrem às conferências em suas etapas preparatórias. “O debate será feito por quem pautá-lo, e queremos formar massa crítica. Os editores poderão propor alternativas de incentivos para divulgação do produto livro – benefícios fiscais, espaço para veiculação publicitária em TVs públicas, nas rádios, e até nas operadoras de telecomunicações, considerando a distribuição do livro do ponto de vista da convergência tecnológica.”

Reinaldo Reis, coordenador comercial da Editora Fundação Perseu Abramo, também participa dos trabalhos para a Conferência. Segundo ele, “é uma oportunidade fundamental para a Libre pautar as políticas públicas destinadas a fortalecer os pequenos editores”. E concorda que a regulamentação dos meios de comunicação na direção da democratização, um dos principais itens da agenda da Conferência, tem impactos diretos na possibilidade de engajar a mídia em ações de fomento à leitura. O passo, agora, afirma, é se integrar às agendas das etapas municipais e estaduais. Para tanto, o editor da Publisher Brasil (rovai@uol.com.br) se coloca à disposição para apoiar os interessados em se aproximar das comissões organizadoras em São Paulo e em outros estados. “Podem me procurar”, avisa.

Embora a etapa estadual da Conferência, em São Paulo, já esteja marcada, seu financiamento ainda está em negociação. A Assembleia Legislativa (que a convocou, e não o governo do Estado) apresentou ontem (20) uma proposta de orçamento de R$ 200 mil, a fim de cobrir custos de hospedagem e transporte dos conferencistas que vêm do interior. Rovai calcula que, dos 1.240 participantes previstos, metade seja de fora da capital.

Cidadania digital
A Conferência Nacional de Comunicação tem como tema “Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital”. Foi convocada em abril deste ano pelo governo federal, após embates entre entidades da sociedade civil, que a reivindicavam há vários anos, e algumas associações de empresários que não queriam ver aberto o precedente do debate público sobre os marcos regulatórios da comunicação social, de estrutura altamente concentrada.

Entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Abranet (Associação Brasileira de Internet) e a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) abandonaram a comissão organizadora, numa tentativa de esvaziar o poder deliberativo da Conferência. Mas isso ainda não significa que elas não vão estar presentes na própria Confecom. E outras instâncias empresariais e grupos econômicos, como a Bandeirantes e as operadoras de telecomunicações, continuam nos trabalhos de mobilização.

Os temas polêmicas do encontro incluem contratos de concessão, limites à propriedade cruzada nos meios de comunicação, legalização da radiodifusão comunitária, controle social, distribuição de verbas publicitárias, controle social e conteúdo. As organizações empresariais podem participar com 40% dos delegados da conferência, a sociedade civil não-empresarial com outros 40%, e o poder público, com 20%. Resoluções polêmicas só poderão ser aprovadas com 60% do total de votos.

A 1ª Conferência Paulista de Comunicação está sendo coordenada pela Comissão de Transportes e Comunicação da Alesp e pela Comissão Paulista Pró-Conferência, que pilota as conferências livres, mobilizadas por organizações não-governamentais do movimento social.

PERFIL-Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila



Momento de Decisão


Certa noite, passeando em Ipanema, no Rio, o paulistano Samuel Seibel, filho de um imigrante polonês, resolveu tomar um café em um lugar que era, também, uma livraria. Ao passar pela porta, soube, na hora, que o seu destino, encoberto até aquele momento, era ser livreiro. Aos 48 anos, deixou a empresa da família e assumiu a Livraria da Vila, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, a primeira de uma rede de quatro lojas. O empresário virou referência no mercado e não tem medo da internet, que, na sua opinião, vai complementar e até aumentar o mercado de livros, em certos segmentos.

“Se, futuramente, as novas tecnologias forem tão fortes que as pessoas deixem de ir à livraria, ao cinema, para ficar em casa e não enfrentar o trânsito, então não é a falência do negócio do livro, é a falência da sociedade”, diz. “Mas como sou otimista em relação ao mundo, não acredito que vá acontecer esse desastre.” Ele espera que a internet e os livros eletrônicos atinjam em maior medida um público que não é o do frequentador da livraria, “não é aquele que não abre mão de abrir o livro, adormecer com ele na barriga, olhar a primeira página”. Na opinião do livreiro,“se houver uma perda, num primeiro momento, ela será menor do que o ganho”.

Para Seibel, as livrarias físicas são uma exigência social, parte da necessidade das pessoas de se encontrarem e se sentirem parte do mundo, como os cinemas. E as lojas da Livraria da Vila, explica ele, estão a serviço dessa ideia de experiência coletiva, com sofá, espaço para para crianças, café, auditório.

O dono da Livraria da Vila defende o fortalecimento do mercado por meio do respeito às especificidades da cadeia do livro. “É preciso que as editoras canalizem para as livrarias os pedidos que recebem. Está errado vender direto, mais ainda com desconto. Se a livraria é o principal canal de vendas de livro, deveria haver coerência nesse sentido. O site pode direcionar a compra para lojas parceiras, em que a editora confia e que vão ter o livro”, explica.

Ele também é favorável ao mecanismo de um preço único para todo o país, proposto pela Associação Nacional de Livrarias a parlamentares e que prevê um limite para os descontos sobre o valor de capa dos livros. “Moralizaria uma certa conduta do mercado em termos de preço”, argumenta.

Cena de filme
Samuel se formou em Jornalismo, profissão que exerceu por dez anos, até ser convidado pelo irmão para trabalhar na fábrica da família (de produtos para o setor moveleiro), onde ficou por 20 anos. A trajetória foi interrompida de repente, após uma visita ao Rio de Janeiro, onde foi para correr uma meia maratona. No sábado à noite, após jantar com a mulher, Débora, saiu à procura de um lugar para tomarem um café. E achou a livraria Renovar, recém inaugurada, que também era uma filial da Confeitaria Colombo. Entraram.

“Se fosse um filme, a cena seria descrita assim: conforme eu fosse entrando, viria uma luz branca sobre mim. Parei, fiquei olhando – e era como se uma harpa tocasse... Falei para a Débora: é isso que eu quero fazer da vida”, lembra Samuel. No final de 2002, Samuel selou o acordo de compra da Livraria da Vila. No dia três de janeiro de 2003 realizou seu projeto.“Impressionante como, diante de uma decisão com essa força, as coisas acontecem e conspiram favoravelmente.”

Tanto na virada profissional, quanto na opção pelos livros, o empresário identifica influências do pai, Bernardo, judeu que veio da Cracóvia para o Brasil em 1925, aos 14 anos. Morou no Rio, em Salvador, Ilhéus, até abrir seu negócio na rua do Gasômetro, no bairro paulistano do Brás. Foi amigo de Jorge Amado, com quem conviveu na Bahia. “A lembrança do meu pai é de uma pessoa que tinha no livro um prazer muito grande”, diz. Além disso, Samuel observa que o pai também teve a chance de fazer alguma coisa sua com quase 50 anos, numa época em que, nessa idade, as pessoas já estavam se preparando para parar.

“A livraria da Vila, para mim, é principalmente um ponto de encontro, um pólo cultural. E o acervo tem de ser pensado, para não ter só lançamentos. Fazemos questão de trabalhar com as editoras independentes. O catálogo de um grupo como a Libre, nesse sentido, é absolutamente natural.” Atualmente, a rede cresceu e ganhou áreas par vendas de CD e DVD, sempre na mesma proposta, além do café e do auditório. A programação, contudo, é, segundo ele, “99,9% vinculada à literatura, ao cinema e à música; e, desses 99,9%, 97% à literatura.” Foi preciso um ano de insistência, somado aos trabalhos de divulgação, para consolidar o público dos eventos. A participação da Livraria da Vila como livraria oficial da Flip-Festa Literária de Paraty, desde 2004, foi outro importante reforço para a marca.

Raio-X
Livraria da Vila da Fradique -- 900 m², 150 mil livros (90 mil títulos) e 15 mil CD’s e DVD’s
Livraria da Vila no Itaim Bibi/Casa do Saber -- 200 m², 40 mil livros (25 mil titulos) e 3 mil CD’s e DVD’s
Livraria da Vila da Lorena – mil m², 200 mil livros (120 mil títulos) e 30 mil CD’s e DVD’s
Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim – 2,5 mil m² e 150 mil títulos

V Fórum de Editoração da USP: teoria x prática

Os alunos do curso de Editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP realizam o V Fórum de Editoração no próximo dia 31 de outubro, no auditório do Masp (Museu de Arte de São Paulo), com o tema Cotidiano e Teoria. É um espaço de reflexão sobre o mercado editorial, que reúne público acadêmico, pesquisadores e diversos profissionais da cadeia do livro e de áreas afins. Tem apoio do Masp, da Edusp (Editora da Universidade de São Paulo) e da Libre-Liga Brasileira de Editoras. Não é necessário fazer inscrição e a entrada é gratuita. Serão distribuídas senhas, com meia hora de antecedência do início de cada mesa.

Durante um dia, quatro mesas de debates vão analisar até que ponto as teorias sobre editoração conseguem ser postas em prática. Entre os convidados estão Maria José Rosolino, coordenadora do curso de Produção Editorial da Universidade Anhembi Morumbi; Plínio Martins Filho, coordenador do curso de Editoração da ECA-USP; Paulo Werneck, editor da Cosac Naify; Cristina Yamazaki, mestre em Ciências da Comunicação; João Scortecci, diretor-presidente do Grupo Editorial Scortecci, entre outros. A comissão organizadora solicita a quem puder a doação de livros usados para o projeto Redigir (aulas de gramática e redação para a população de baixa renda).

Programação
8h - Café da manhã
8h30 - mesa 1 - Editor: sabe o que faz ou faz o que sabe?
As diferenças existentes entre o aprendizado acadêmico e a prática. Existem incoerências, quais são, por que elas ocorrem e o que pode ser feito para solucionar os problemas apresentados.
10h30 – Coffee-break
11h - mesa 2 - Revendo o preconceito contra o marketing
Debate sobre marketing editorial, alvo de muita discussão e crítica: prioriza questões como a eficiência do marketing do livro no Brasil, seu real papel no incentivo à leitura, e o descompasso muitas vezes existente entre quem "elabora o produto" e quem faz sua divulgação.
12h30 - Intervalo para o almoço
13h30 - mesa 3 - Políticas públicas para o livro e a liberdade editorial Com o intuito de formar uma visão do mercado, a mesa trata de políticas públicas relacionadas ao livro no país. Já que o governo é o maior cliente no mercado editorial brasileiro, a intenção é discutir a relação entre essas duas partes e compreender seus aspectos mais importantes, especialmente aqueles relacionados à liberdade editorial. 15h00 – Coffee-break
15h30 - mesa 4 - Tendências da editoração no Brasil
As grandes tendências presentes no meio editorial, chamando a atenção para o que se tem feito, em termos de qualidade, criatividade, funcionalidade; e como o produto editorial está inserido no contexto dos desejos e necessidades do momento que vivemos.
17h - Encerramento.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um bolero na Fradique




Livraria da Vila, na rua Fradique Coutinho, Vila Madalena, São Paulo.
Fotos enviadas por M. Conceição Azevedo (Ed.Peirópolis - Grão Editora).
Quem quiser ouvir "Na barra do seu vestido", música de Zeca Baleiro e Zé Geraldo que fala do sujeito que vai "pela Fradique cantando um bolero, feito um Valdick gentil e sincero", pode conferir aqui (clique em discografia/Catador de Bromélias): http://zegeraldo.uol.com.br/

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Livros e Companhia em Medianeira


A "Livros e Companhia" fica em Medianeira, cidade no oeste do Paraná com 38 mil habitantes e "muita personalidade", segundo Adriane Valéria Silva, que pilota a livraria junto com José Nilson Oliveira. Ela nos mandou as primeiras fotos da exposição virtual do blog da Libre sobre livrarias brasileiras. A "Companhia" do título tem o sentido "do livro ser companhia das pessoas, e também de as pessoas encontrarem companhias neste espaço cultural". Junto com os livros, funciona um café, batizado de Prosa e Poesia, que tem no cardápio nomes de grandes autores da literatura mundial. O lema da "Livros e Companhia" parafrasea Borges: "Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria" (o poeta argentino se referiu a uma biblioteca)". Para escrever para Livros e Companhia: contato@livrosecompanhia.com.br.

































sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Libre quer vaga permanente no Fundo Setorial Pró-Leitura

A entidade reinvidica ao MinC presença fixa no comitê gestor dos recursos, estimados em R$ 100 milhões no primeiro ano

A Libre-Liga Brasileira das Editoras, que reúne 105 editoras independentes, solicitou audiência ao Ministro da Cultura, Juca Ferreira, para reivindicar participação permanente no Comitê Gestor dos recursos do Fundo Pró-Leitura, estimados em cerca de R$ 100 milhões no primeiro ano. Pelo acordo firmado entre o MinC e entidades do setor livreiro para criação do Fundo, a Libre deveria ocupar uma vaga rotativa no comitê, a mesma destinada ao revezamento das regionais estaduais da Câmara Brasileira do Livro.

Segundo o diretor do Livro, Leitura e Literatura do MinC, Fabiano dos Santos, o documento foi assinado durante a Bienal do Livro, em setembro, no Rio de Janeiro, sem a presença da Libre. Mas a intenção era que, assim que a entidade aceitasse subscrevê-lo, fosse uma das indicadas ao posto rotativo do comitê. As definições sobre o período e a ordem de ocupação das entidades nessa vaga ainda estão em debate, sob a coordenação da Câmara Riograndense do Livro. Também precisam ser estabelecidos, por regimento, os cronogramas de reuniões para avaliação dos projetos candidatos ao apoio do Fundo, por exemplo, a cada dois meses.

Para a presidente da Libre, Cristina Warth (Pallas), as editoras pequenas e médias representadas na Libre não podem ficar fora desse debate ou atuando nele de forma eventual. "Não é por que muitas estão isentas do recolhimento, devido ao porte de seu faturamento, que vão ficar em segundo plano no processo decisório. Ao contrário, as editoras independentes têm um comprometimento de origem com os princípios do Plano Nacional do Livro e Leitura, indissociáveis da nossa principal bandeira, que é a bibliodiversidade". O acordo acertado na Bienal estabeleceu cinco vagas fixas no comitê para o setor produtivo: Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Abrelivros (didáticos), Associação Nacional de Livrarias, Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABD), além do rotativo e de dois membros da cadeia criativa e dois mediadores de leitura.

O governo aceitou a proposta de distribuir ao longo da cadeia produtiva a contribuição de 1% sobre a receita das empresas, para formação do Fundo. Assim, cada elo da indústria – editor, distribuidor e livreiro – vai recolher 0,33%, gerando uma arrecadação total de cerca de R$ 50 milhões por ano. Aportes da União e do Fundo Nacional de Cultura devem elevar ao dobro a capacidade total de investimento do Pró-Leitura. “Ele visa apoiar programas do setor público e da sociedade civil que tenham por base os eixos do PNLL: democratização do acesso, fomento à leitura e à formação de mediadores, valorização da leitura e comunicação e desenvolvimento da economia do livro”, diz Fabiano dos Santos. Entre as iniciativas em estudo, ele cita a criação de linhas de crédito para pequenas editoras e livrarias, por meio do Banco do Nordeste e do Banco da Amazônia ou, ainda, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O objetivo do governo é encaminhar ao Congresso o projeto de lei de criação do fundo ainda em outubro, já com a composição completa do comitê. Nas próximas semanas, o Ministério da Fazenda espera concluir a sistemática de recolhimento da contribuição, que se aplica apenas às empresas desoneradas com PIS, Cofins e Pasep – e não àquelas enquadradas no regime fiscal do Simples.

Diversidade beneficia projetos editoriais

O Plano Nacional de Cultura, aprovado dia 23 de setembro na Comissão de Educação e Cultura, criou novos fundos setoriais de cultura: das Artes, da Diversidade e Cultura Popular e da equalização, que vão se somar ao fundo do Audiovisual e Pró-Leitura, previstos em marcos legais autônomos. De acordo com Fabiano dos Santos, diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, propostas de obras literárias ou projetos editoriais transversais, com muita ênfase na diversidade, poderão ser atendidos tanto pelo Fundo Pró-Leitura, quanto pelo Fundo da diversidade do PNC.

No substitutivo, foram especificadas as atribuições do poder público na área cultural e ampliadas as possibilidades de parceria com entidades privadas, além de incluídas áreas como cultura digital e turismo cultural, que não estavam previstos no texto original, e ações de desenvolvimento sustentável, segundo nota da Agência Câmara.

O plano terá a duração de dez anos e sua implementação será feita pelo MinC, que desenvolverá o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais. A primeira revisão para correção de deficiências e distorções está prevista para quatro anos após a promulgação da lei. A criação do PNC está prevista na Emenda Constitucional 48, em vigor desde agosto de 2005. O plano deve integrar as ações do poder público destinadas a valorizar o patrimônio cultural brasileiro, a ampliar a produção e difusão de bens culturais e a formar gestores para a área de cultura O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado ainda pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Emendas parlamentares vinculadas

O deputado Marcelo Almeida, que também preside a Frente Parlamentar Mista de Leitura, quer que cada deputado federal reserve 2% das suas emendas parlamentares para projetos e ações do Ministério da Cultura. "Se cada deputado destinar R$ 200 mil por ano para seus municípios em ações de cultura, a Câmara aumentará em R$ 102 milhões os investimentos em Cultura no país. Isso representa 10% do orçamento atual do MinC ou o valor que é investido em todo o Brasil na área do livro, leitura e literatura", comparou.

A sugestão foi feita em encontro promovido pela Comissão de Educação e Cultura, pela Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e pela Frente Parlamentar da Leitura, com a secretária de Articulação Institucional do MinC, Silvana Meireles. Ela apresentou as ações e os projetos do programa Mais Cultura que poderão receber indicações de emendas parlamentares no Orçamento da União de 2010. Entre as opções, destacou Pontos de Leitura (valor unitário de R$ 20 mil), Cines Mais Cultura (valor unitário de R$ 15 mil), modernização de bibliotecas públicas (R$ 100 mil para ampliação/reforma, acervo, equipamentos e mobiliário), construção de novas bibliotecas (valor unitário de R$ 350 mil) e Espaços Mais Cultura (valores modulares de R$ 300 mil a R$ 2,97 milhões). A vice-presidente da Libre, Eliana Sá, acredita que a intenção de vincular parte das emendas parlamentares à cultura pode ser bem-vinda. Especialmente se, com esse medida, pudermos criar “municípios leitores”, em que os parlamentares se comprometam a apoiar a formação de leitores e programas de leitura.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Paraná terá 200 agentes de leitura

O governo do Paraná vai investir, em 2010, R$ 500 mil no Projeto Agentes de Leitura no estado, que também vai contar com R$ 1 milhão do Ministério da Cultura. Os recursos serão gastos para seleção, contratação, equipamento e manutenção de 200 agentes de leitura em 20 municípios distantes da capital ou carentes de bibliotecas públicas. O anúncio foi feito pelo deputado Marcelo Almeida (PMDB/PR), na abertura do Fórum Nacional Mais Livro e Mais Leitura nos Estados e Municípios, hoje (7), em Brasília.

Os agentes de leitura têm de 18 a 20 anos, ensino médio, e carga horária de cinco horas de trabalho diária, mediante bolsa mensal de R$ 350,00. Ganham uma bicicleta e 200 livros para ler em voz alta, emprestar e circular nas comunidades. Fazem atendimento domiciliar e promovem rodas e cirandas de leitura. Este ano, o MinC já firmou convênio para implantar o projeto Agentes de Leitura na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Pará.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Libre decide voltar à Bienal


A Libre-Liga Brasileira de Editoras decidiu participar da 21ª Bienal Internacional do Livro, com estande coletivo que, até o momento, já conta com cerca de 90 expositores confirmados. A última vez em que a entidade dos editores independentes esteve no evento, de forma compartilhada, foi em 2003. Mas consulta aos seus 109 associados, feita este mês, deu maioria de votos a favor da volta institucional da Libre ao circuito das Bienais, promovidas pela Câmara Brasileira do Livro. "É uma oportunidade de estar junto de parceiros, editores e distribuidores de várias partes do país, e muito importante para a visibilidade da produção editorial independente", justifica Cristina Warth (Pallas), presidente da Libre.

A 21ª Bienal Internacional do Livro está programada para 12 a 22 de agosto de 2010, no Anhembi, em São Paulo. Inicialmente, a Libre reservou área total de 400 metros quadrados, devendo figurar entre as âncoras da feira. O próximo passo, segundo Cristina, é a formação de um grupo de trabalho que vai negociar e estruturar a participação coletiva. A entidade integrou as Bienais de 2003 e 2005, no Rio de Janeiro. Na primeira, no modelo compartilhado, e, na segunda, com estandes individuais. Em 2004, vários editores (em espaços separados, mas próximos) foram à Bienal em São Paulo. Mas em 2006, não foi possível repetir a experiência devido à dificuldade de acertar uma boa localização para os expositores.

No discurso de lançamento do evento, ontem (30 de setembro) na capital paulista, a presidente da CBL, Rosely Boschini, definiu seus três eixos principais: "o desenvolvimento do negócio do livro em todos os segmentos da cadeia produtiva; mobilização política capaz de garantir voz e peso institucional ao setor; e amplo apoio aos associados". A próxima edição da Bienal terá novo parceiro de produção - a Reed Exhibitions Alcântara Machado - e formato final definido com apoio da comissão "Repensando a Bienal", formada por profissionais do setor.

De uma monge copista

No blog da editora Ibis Libris, Thereza Christina Motta assina linda homenagem a todos que escrevem, reescrevem, corrigem, leem e traduzem, no Dia Mundial do Tradutor:

"Escreva, escreva...
...e me volte daqui a vinte anos, disse Mário Quintana a um poeta novato. Monteiro Lobato também advertia: "Não se precipite para publicar seus versos. Guarda-os até ter certeza de estarem maduros", aconselhou a outro jovem que lhe mostrou seus poemas. Essa paciência nem todos os autores têm. De esperar que seu fruto esteja no ponto, mas os escritores tarimbados sabem que é preciso esperar para que o livro se "apronte". Antonio Torres dá outro conselho: "Não fale sobre o que está escrevendo, senão você se desincumbe falando e não escreve nada".
Todos eles sabem o que estão dizendo, e também seus editores. Publicar um livro imaturo é pecar contra si mesmo. Um livro não tem culpa da pressa de seu dono. Ele antes caminha no seu próprio tempo. Tem um andar todo seu, de coisa que sabe a que veio. E se o apressarmos, ele se vira contra nós. Quanto tempo espera um livro para ficar pronto! Por vezes, décadas, como temos visto. Mas escrevê-lo é parte do esquema. A outra ponta é revisá-lo. Há erros que ficam ocultos e não os percebemos. Só muito tempo depois é que "saltam" aos olhos. A sorte é pegá-los antes que virem "gralhas" ou "sacis-pererês", como gostava de chamá-los Lobato.
Um erro num livro estraga-o todo. Só pensamos nele, em mais nada. Nem percebemos que é apenas um em meio a não sei quantas palavras certas. Depois de publicados, não podemos mais consertá-los. E conviver com eles é um suplício. Só nos resta aceitá-los e seguir em frente, e fazer tudo para que, da próxima vez, tenhamos a calma e a visão de águia para não deixar passar coisa alguma. Revisores, cuidado. Nem sempre sabemos o que estamos fazendo - é preciso uma sabedoria de monge para ponderar uma revisão e ver em profundidade, não apenas a superfície do texto.
Eu tenho certeza absoluta que já fui monge copista, daqueles que ficavam na biblioteca copiando livros, traduzindo outros, ou até sonhando os seus versos. Ainda posso sentir o frio das paredes úmidas protegendo-nos do inverno do lado de fora. Livros preenchem uma vida. Escrevê-los, revisá-los, editá-los, imprimi-los. Fazer isso toma todo o nosso tempo: e o que sobra, passamos lendo outros livros, ou pensando em novos ainda não escritos, ou aqueles que gostaríamos de traduzir."
Aqui: http://ibislibrisbooklog.blogspot.com/2009/09/escreva-escreva.html

terça-feira, 29 de setembro de 2009

As editoras independentes entre os vencedores do Jabuti

Associadas da Libre estão entre os três ganhadores na categoria 'tradução', e levam o primeiro e o segundo também nas de obras "infantis" e "juvenis"


Entre os vencedores da 51ª edição do Prêmio Jabuti, anunciados hoje pela Câmara Brasileira dos Livros, 18 títulos foram publicados por editoras associadas à Libre-Liga Brasileira de Editoras.

Em algumas categorias, a presença da edição independente é francamente majoritária. Em tradução, os três primeiros lugares são de “libreiros”: A Morte de Empédocles / Friedrich Hölderlin (Marise Moassaba Curioni), da Iluminuras, em primeiro; Satíricon (Cláudio Aquati), da Cosac Naify, em segundo; e a tradução da obra de Dostoiévski, Os Irmãos Karamázov – 2 Volumes (trad. de Paulo Bezerra), pela Editora 34, em terceiro.

Na categoria "infantil", o primeiro e o segundo lugar ram, respectivamente, para A Invenção do Mundo pelo Deus-Curumim (Braulio Tavares), da Editora 34, e para No Risco do Caracol (Maria Valéria Rezende e Marlette Menezes), pela Autêntica Editora. Em "juvenil", primeiro lugar para O fazedor de velhos (Rodrigo Lacerda), pela Cosac Naify; e segundo para Cidade dos deitados (Heloisa Prieto), da mesma editora.

A Cosac Naif também ficou com o primeiro lugar em "capa" e "reportagem", com Moby Dick (Luciana Facchini) e O Livro Amarelo do Terminal (Vanessa Bárbara). A Iluminuras, por sua vez, publicou Dois em um (Alice Ruiz), primeiro lugar em "poesia".

O Jabuti premia os três primeiros lugares (R$ 3 mil para o primeiro) de 21 categorias. A entrega será no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo, quando serão anunciados os vencedores do Livro do Ano Ficção e do Livro do Ano Não-Ficção, que recebem R$ 30 mil cada um. Este ano foi criada a categoria de “Tradução de obra literária Francês-Português”, em homenagem ao ano da França no Brasil, em que o trabalho feito por Flávia Nascimento em Topografia Ideal para uma Agressão Caracterizada, pela Editora Estação Liberdade, ganhou o terceiro lugar. Foram inscritas, em 2009, 2.573 obras, 20% a mais que em 2008.

Confira, em vermelho, os títulos publicados por editoras associadas à Libre entre os vencedores de cada categoria, na 51ª edição do Prêmio Jabuti:


Tradução
1º lugar —“A Morte de Empédocles / Friedrich Hölderlin”, Marise Moassaba Curioni (Iluminuras).
2º lugar —“Satíricon”, Cláudio Aquati (Cosac Naify).
3º lugar —“Os Irmãos Karamázov – 2 Volumes”, Paulo Bezerra (Editora 34).

Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes
1º lugar — “Coleção Princesa Isabel – Fotografia do Século XIX”, Bia e Pedro Corrêa Lago (Capivara Editora)
2º lugar — “Árvores Notáveis – 200 Anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro” (livro e guia de bolsa), Andréa Jakobsson Estúdio Editorial (Andréa Jakobsson Estúdio Editorial)
3º lugar — “Tarsila do Amaral”, Lygia Eluf (Imprensa Oficial do Estado)

Teoria/Crítica Literária
1º lugar —“Monteiro Lobato: Livro a Livro”, Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini (Editora Unesp / Imprensa Oficial)
2º lugar —“Pensamento e ‘Lirismo Puro’ na Poesia de Cecília Meireles”, Leila V. B. Gouvêa (Editora Universidade de São Paulo)
3º lugar —“Literatura da Urgência Lima Barreto no Domínio da Loucura”, Luciana Hidalgo (Annablume Editora)

Projeto Gráfico
1º lugar —“Fazendas Mineiras”, Marcelo Drummond & Marconi Drummond (Cemig)
2º lugar —“A História do Brazil de Frei Vicente de Salvador”, Maria Lêda Oliveira (Versal Editores)
3º lugar —“Isay Weinfeld”, Roberto Cipolla (Bei Editora)

Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil
1º lugar —“O Matador”, Odilon Moraes (Editora Leitura) - BH
2º lugar —“De Passagem”, Marcelo Cipis (Schwarcz)
3º lugar — “Alfabeto de Histórias”, Gilles Eduar (Editora Ática)

Ciências Exatas, Tecnologia e Informática
1º lugar — “Introdução à Quimica da Atmosfera - Ciência, Vida e Sobrevivência”, Ervim Lenzi e Luzia Otilia Bortotti Favero (LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora)
2º lugar — “Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial”, Armando Albertazzi G. Jr. e André R. de Souza (Editora Manole)
3º lugar — “Mapa do Jogo”, Lucia Santaella e Mirna Feitoza (Cengage Learning Edições)

Educação, Psicologia e Psicanálise
1º lugar —“A Voz e o Tempo”, Roberto Gambini (Ateliê Editorial)
2º lugar —“Religiosidade e Psicoterapia”, Claudia Bruscagin, Adriana Sávio, Fátima Fontes e Denise Mendes Gomes (Editora Roca)
3º lugar — “Educação à distância: o Estado da Arte”, Fredric Michael Litto (Pearson Education do Brasil)

Reportagem
1º lugar —“O Livro Amarelo do Terminal”, Vanessa Bárbara (Cosac Naify)
2º lugar —“O Sequestro dos Uruguaios - uma Reportagem dos Tempos da Ditadura”, Luiz Cláudio Cunha (L&P Editores)
3º lugar —“1968 - o que Fizemos de Nós”, Zuenir Ventura (Editora Planeta do Brasil)

Didático e Paradidático
1º lugar — “História e Cultura Africana e Afro-Brasileira”, Nei Lopes (Barsa Planeta Internacional)
2º lugar — “Meu primeiro álbum de piano solo”, Dulce Auriemo (D.A. Produções Artísticas)
2º lugar - “Coleção cidade educadora - Diário de bordo do aluno 1 - Volume Amarelo”, Áureo Gomes Monteiro Júnior, Célia Cris Silva e Júlia Scandiuci Figueiredo (Aymará Edições e Tecnologia)
3º lugar — “Literatura Infantil Brasileira: um Guia para Professores e Promotores de Leitura”, Vera Maria Tietzmann Silva (Cânone Editorial)

Economia, Administração e Negócios
1º lugar — “Valores Humanos & Gestão. Novas Perspectivas”, Maria Luisa Mendes Teixeira (organizadora) (Editora Senac São Paulo)
2º lugar —“Estratégia e Competitividade Empresarial - Inovação e Criação de Valor”, Luiz Carlos Di Serio e Marcos Augusto de Vasconcelos (Saraiva)
3º lugar — “Meio Ambiente e Crescimento Econômico: Tensões Estruturais”, Gilberto Dupas (Editora Unesp)

Direito
1º lugar — “Introdução ao Pensamento Jurídico e à Teoria Geral do Direito Privado”, Rosa Maria de Andrade Nery (Editora Revista dos Tribunais)
2º lugar —“Execução”, José Miguel Garcia Medina (Editora Revista dos Tribunais)
3º lugar —“Código de Processo Civil - Comentado Artigo por Artigo”, Daniel Mitidiero e Luiz Guilherme Marinoni (Editora Revista dos Tribunais)
3ºlugar - “Atual Panorama da Constituição Federal”, Carlos Marcelo Gouveia (Saraiva)

Biografia
1º lugar — “O Sol do Brasil”, Lilia Moritz Schwarcz (Schwarcz)
2º lugar —“José Olympio, o Editor e sua Casa”, José Mario Pereira (GMT Editores)
3º lugar —“O Santo Sujo: a Vida de Jayme Ovalle”, Humberto Werneck (Cosac Naify)

Capa
1º lugar — Moby Dick”, Luciana Facchini (Cosac Naify)
2º lugar —“Jovem Stálin”, João Baptista da Costa Aguiar (Schwarcz)
3º lugar —“Introdução à filosofia”, Rex Design (Editora WMF Martins Fontes)

Poesia
1º lugar —“Dois em um”, Alice Ruiz S. (Editora Iluminuras)
2º lugar —“Antigos e soltos: poemas e prosas da pasta rosa”, Instituto Moreira Salles (Instituto Moreira Salles)
3º lugar —“Cinemateca”, Eucanaã Ferraz (Schwarcz)
3ºlugar - “Outros barulhos”, Reynaldo Bessa (edição do autor)

Ciências Humanas
1º lugar - “História do Brasil - Uma Interpretação”, Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota (Editora Senac São Paulo)
2º lugar — “Veneno Remédio”, José Miguel Wisnik (Schwarcz)
3º lugar — “A Aparição do Demônio na Fábrica”, José de Souza Martins (Editora 34)

Ciências Naturais e Ciências da Saúde
1º lugar — “Fundamentos de Dermatologia”, Marcia Ramos-e-Silva e Maria Cristina Ribeiro de Castro (Editora Atheneu)
2º lugar —“Oftalmogeriatria”, Marcela Cypel e Rubens Belfort Jr. (Editora Roca)
3º lugar — “Guia de Propágulos & Plântulas da Amazônia”, José Luís Campana Camargo et al (Inpa)

Contos e Crônicas
1º lugar —“Canalha! – crônicas”, Fabricio Carpinejar (Editora Bertrand Brasil)
2º lugar —“Ostra feliz não faz pérola”, Rubem Alves (Editora Planeta do Brasil)
3º lugar —“Os comes e bebes nos velórios das gerais e outras histórias”, Déa Rodrigues da Cunha Rocha (Auana Editora)

Infantil
1º lugar — “A Invenção do Mundo Pelo Deus-Curumim”, Braulio Tavares (Editora 34)
2º lugar —“No Risco do Caracol”, Maria Valéria Rezende e Marlette Menezes (Autêntica Editora)
3º lugar — “Era Outra Vez um Gato Xadrez”, Leticia Wierzchowski (Editora Record)

Juvenil
1º lugar —“O fazedor de velhos”, Rodrigo Lacerda (Cosac Naify)
2º lugar —“Cidade dos deitados”, Heloisa Prieto (Cosac Naify)
3º lugar —“A distância das coisas”, Flávio Carneiro (Edições SM)

Romance
1º lugar —“Manual da Paixão Solitária”, Moacyr Scliar (Schwarcz)
2º lugar —“Orfãos do Eldorado”, Milton Hatoum (Schwarcz)
3º lugar —“Cordilheira”, Daniel Galera (Schwarcz)

Tradução de obra literária Francês-Português
1º lugar —“O Conde de Monte Cristo”, André Telles e Rodrigo Lacerda (Jorge Zahar Editor)
2ºlugar — “Topografia Ideal para uma Agressão Caracterizada”, Flávia Nascimento (Editora Estação Liberdade)
3º lugar — “A Elegância do Ouriço”, Rosa Freire D'aguiar (Schwarcz)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Brasileiros e argentinos vão criar índice de bibliodiversidade

As editoras independentes brasileiras fecharam um acordo com as independentes do mercado argentino para construir um índice capaz de medir a diversidade bibliográfica (ou bibliodiversidade) de acervos. A parceria foi fechada durante a 14ª Primavera dos Livros, que aconteceu este mês em São Paulo, entre a Libre-Liga Brasileira de Editoras, que promove o evento, e a Edinar-Editores Independientes de Argentina por la Diversidad Bibliográfica. Além disso, a Libre decidiu em assembleia formar grupos de trabalho temáticos relacionados à cadeia do livro, que serão definidos durante a Primavera dos Livros do Rio de Janeiro, de 26 a 29 de novembro no Museu da República, já em fase de preparação.

A Edinar reúne 30 associados, que estão presentes também na rede gentedellibro.ning.com. Criada há cerca de dois para juntar ao debate outros profissionais do livro, além de editores, essa rede já conta com 650 participantes, entre livreiros, ilustradores, distribuidores etc. Na Argentina, vigora há cinco anos a lei do preço único, que impede variações regionais no valor do livro. São permitidos descontos de no máximo 10%, e apenas em feiras.

Segundo Guido Indij (fotos), dono da editora La Marca e livreiro, que esteve em São Paulo na 14ª Primavera dos Livros representando a Edinar, após quatro anos de atividade informal, a entidade vai ganhar seu estatuto jurídico até dezembro. "De um modo sintético, podemos nos definir dizendo que estamos contra a concentração editorial, econômica e de opiniões. E a favor da multiplicidade de projetos e de editoras, pequenas e médias, no mercado", afirma.

O índice de bibliodiversidade (IBD), explica Guido, deve refletir, em um conjunto de livros, a relação entre o total de editoras e o total de títulos, quantos são originais nacionais, quantas traduções, quantos lançamentos, reedições, linhas temáticas etc. De modo a ser possível medir se uma livraria, uma região, uma cidade e até um país tem maior ou menor diversidade bibliográfica, ou seja, maior ou menor riqueza no seu repertório cultural. Para Cristina Warth, da Libre, o estudo deve começar com as compras públicas de livros, que têm dados abertos e públicos. Veja matéria completa em www.libre.org.br

Fotos de Kriz Knack

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A trança-rimas



Era assim, trança-rimas, que Tatiana Belinky era chamada pelo pai. A poeta, dramaturga e tradutora deixou a Rússia aos dez anos, em 1929, quando migrou com a família para São Paulo. Nessa idade, já lia "os grandes poetas russos e alemães", contou, na 14ª Primavera dos Livros, onde foi convidada pela Editora 34. É autora de mais de cem livros, entre eles uma encantadora autobiografia, Transplante de menina, e a deliciosa série dos "limeriques", em que recria com brilhante graça o gênero inglês dos Limericks. FOTO de Kriz Knack.

Inscrição de didáticos para jovens e adultos abre em outubro

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) publicou hoje (18), na internet (www.fnde.gov.br), edital com normas e prazos para inscrição de obras no Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD EJA). O período para cadastramento e pré-inscrição dos livros vai de 5 de outubro a 4 de dezembro.

A entrega das obras e documentação está marcada para 4 a 6 de janeiro de 2010. De modo que cerca de 5,4 milhões de estudantes de escolas públicas e entidades parceiras do programa Brasil Alfabetizado, com turmas de ensino fundamental na educação de jovens e adultos, recebem os livros a partir de 2011.

As obras inscritas serão avaliadas pelo Ministério da Educação, que observará a adequação do conteúdo pedagógico. As especificações técnicas de fabricação do livro, como a gramatura do papel e a qualidade da lombada, serão analisadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo.

Uma vez definidas as obras que serão adquiridas pelo FNDE, será produzido o Guia do PNLD EJA 2011, com a relação dos livros selecionados para orientar a escolha feita pelos professores.

As disciplinas das turmas de alfabetização contempladas serão letramento e alfabetização linguística e alfabetização matemática. Já os jovens e adultos matriculados no 2º ao 5º ano do ensino fundamental receberão livros de língua portuguesa, matemática, ciências, artes, história e geografia. Além dessas matérias, os estudantes do 6º ao 9º ano ganharão uma obra de língua estrangeira (inglês ou espanhol). Todos os livros serão consumíveis e não deverão ser devolvidos ao final do período letivo.

FONTE: MEC - www.fnde.gov.br

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Editores, convidados, parceiros

Na 14ª Primavera dos Livros, que aconteceu no Centro Cultural São Paulo, de 10 a 13 de setembro.

Da esq. p/a dir.: Valeria Barbieri, da Libre, Cilene Vieira, da Vieira & Lent Casa Editorial, Pep Duran, da livraria espanhola Robafaves, Vera Wey, de Imprensa Oficial, Angel Bojadsen, da Ed. Estação Liberdade, Silvia Negreiros, da Manati Produções Editorais, Eliana Sá, da Sá Editora, Alonso Alvarez, da Ficções Ediora, Renata Borges, da Ed. Peirópolis, Glaucio Pereira, da Quartet Editora, Maria Zenita Monteiro, coord. de bibliotecas, da Sec.Municipal de Cultura, Cristina Warth, da Pallas Ed. e presidente da Libre, Vera Cardim, do CCSP, Paz Pérez Catalá, da Embaixada da Espanha no Brasil/Aecid, Thereza Christina Motta, da Ibis Libris Editores, Ione Meloni Nassar, da Mercuryo Jovem, Ana Paula Bernardes da Ed. e Livraria Anita Garibaldi, Helena Maria Alves, da Editora de Cultura, Rogério Chaves, da Ed.Fund.Perseu Abramo, Denise Natale, da Editora Papagaio, e Reinaldo Reis, da Ed. Fund.Perseu Abramo. Foto de Kriz Knack.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O visitante catalão



Pep Duran, contador de histórias, editor e livreiro espanhol, esteve na Primavera dos Livros. É um dos responsáveis pela livraria Robafaves, em Barcelona, criada em 1975, no sistema de cooperativa. Sobre ela, Pep contou a seguinte história.

Em 1981, no dia 18 de julho, triste aniversário dos 45 anos do levante fascista contra a República espanhola, uma chuva torrencial inundou a livraria e molhou todos os livros. Os livreiros, então, recolheram da água empoçada umas coisinhas pretas que boiavam, confundidas inicialmente com insetos, mas que eram, na verdade, milhares de letras. Também colocaram para secar sobre as mesas todos os livros, com as páginas agora vazias. Abriram a livraria na manhã seguinte e cada comprador pôde levar um livro em branco e um saco de letras, para compor ele mesmo uma história.

"Cada leitor busca em um livro a sua história e quer ouvir sua própria voz leitora. Ele decide ler aquilo que o ajuda a recuperar as memórias de sensações em seu corpo", ensina Pep. Para isso, ele narra as histórias com fantoches, instrumentos de percussão, chapéus e outros apetrechos que traz na mala de contador. "Uma livraria é uma caixa de música [ele tem mesmo uma caixa de música na bagagem], cheia de segredos."
Fotos de Kriz Knack

Leitura no Parque do Carmo


Em São Paulo para a 14ª Primavera dos Livros, no CCSP, Cristina Warth (Pallas), presidente da Libre, fez o roteiro do Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo, com o ônibus-biblioteca. "O projeto é um passo inicial, que deve ser seguido por cada vez mais recursos de leitura para essas comunidades", diz. A Libre organiza oficinas com autores das suas editoras associadas, uma vez por mês, em cada bairro atendido.

domingo, 13 de setembro de 2009

Mais 28 roteiros para o Ônibus-Biblioteca

A coordenadora dos serviços de extensão na Secretaria de Cultura, responsável pelo projeto do Ônibus-Biblioteca, Marta Noser, informou ontem (12), na 14ª Primavera dos Livros, em São Paulo, que, em 2010, serão abertos 28 novos roteiros para atendimento semanal nas periferias de São Paulo.

Segundo Marta, cada ônibus leva 4 mil a 6 mil exemplares por viagem, de um acervo total, no projeto, de 120 mil livros e periódicos. As pessoas também podem usar o ônibus para encaminhar reserva de livros, que serão trazidos na semana seguinte. Há, atualmente, uma média de 200 a 300 reservas por semana.

O Projeto Ônibus-Biblioteca prioriza regiões de baixa presença do Estado, onde faltam bibliotecas físicas, telecentros, etc. Os veículos apresentam o menor índice de extravio ou mutilação de livros: menos de 20%, em comparação a mais de 50% nas bibliotecas convencionais. "As pessoas precisam, sabem que é importante, preservam", diz Marta.

Interessados em solicitar a inclusão de seu bairro, podem fazê-lo pelo site http://www.bibliotecas.sp.gov.br.

sábado, 12 de setembro de 2009

O ressurgimento da política

Para o ex-senador Roberto Saturnino Braga, começa agora um novo ciclo, no Brasil e no mundo: o do ressurgimento da política. "Isso significa que a política vai voltar a ter importância para as pessoas e despertar o interesse da sociedade", diz ele, que lançou hoje, na Primavera dos Livros, em São Paulo, o livro O curso das Ideias-História do pensamento político no mundo e no Brasil, da Editora Fundação Perseu Abramo e da Publisher Brasil.

Esse novo movimento do pensamento político se tornou evidente, na opinião do ex-senador, a partir da pane que atingiu os mercados financeiros globais, em setembro do ano passado. E se traduz pela presença mais forte do Estado. Na América do Sul, isso acontece de forma clássica, mas também nos Estados Unidos, onde o governo tenta implantar programa de saúde pela primeira vez sem base na iniciativa privada, e no Japão, onde a centro-esquerda ganhou relevância recente.

"O ciclo iniciado na década de 80, com o neoliberalismo, a globalização, o esvaziamento e descrédito da política está se encerrando", avalia. O novo ciclo, de resgate da prática política, deve atingir seu auge em 20, 25 anos. Ele acredita que um dos resultados seja a qualificação dos parlamentares brasileiros. "O desinteresse da população pela política se reflete na baixa qualidade da representação. Essa crise no Senado mostra que as pessoas estão entendendo que precisam escolher melhor."

Outra novidade no pensamento político global, na opinião de Saturnino Braga, é a influência cada vez maior do Brasil nas decisões internacionais. "O Brasil vai passar a influir nos processos de decisão do mundo." De um lado, devido a fatores econômicos, como as reservas de petróleo na camada pré-sal, de outro, a características que seriam específicas do pensamento político brasileiro.

"A capacidade de conciliar opiniões radicais. Desde a declaração da Independência, feita pelo próprio filho do rei, até a gestão de Lula, que deixou Henrique Meirelles no Banco Central, mas interrompeu o fluxo das privatizações e lançou os programas sociais. É a nossa sabedoria de encontrar formas de fazer as coisas sem violência. Por isso, o Brasil será muito importante na mediação de conflitos, como no caso da instalação das bases militares americanas na Colômbia."

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Imprensa Oficial lança livro Conflitos na Escola

A Imprensa Oficial lança na Primavera dos Livros, nesta 6a.feira (11), às 11h, dois livros produzidos em parceria com o Cecip (Centro de Criação de Imagem Popular).

Conflitos na Escola - modos de transformar traz análises e sugestões para ajudar a entender e gerenciar problemas que ocorrem no ambiente escolar, transformando os conflitos em fonte de aprendizagem e diálogo, antes que assumam formas violentas. Foi escrito por equipes do Cecip e da APS (Centro para o Aperfeiçoamento de Escolas), da Holanda.

Já o livro CCCria-Centro Cultural da Criança, o Castelo das Crianças Cidadãs conta experiência no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O CCCria é um espaço protegido, onde as crianças de quatro a dez anos, no contraturno, brincam e têm acesso a bens culturais normalmente fora do seu alcance.

Segundo Vera Lúcia Wey, da Imprensa Oficial, os livros fazem parte do selo Imprensa Social, projeto que prevê a edição de obras com ONGs. De uma tiragem de 2.5 mil livros, 500 ficam para o Estado e os demais são entregues às entidades para distribuição.

Ônibus-Biblioteca empresta 3 mil livros/dia

Cada um dos quatro ônibus que levam biblioteca volante a 21 roteiros fixos, em bairros da periferia paulistana, tem cerca de dois mil usuários/dia, a cada vez que estacionam. Uma biblioteca fixa municipal empresta, por sua vez, de 80 a 90 livros por dia. Os dados são de Maria Zenita Monteiro, coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas, responsável pelo Projeto Ônibus-Biblioteca, uma parceria da Libre, que organiza oficinas com escritores nos veículos, com a Secretaria de Cultura.

Zenita participou ontem (10) da abertura da 14ª Primavera dos Livros, no Centro Cultural São Paulo, e também anunciou o início do 5º Festival de Contação de Histórias, em outubro. Adiantou, ainda, que, até o final do ano, serão criados mais dois "bosques de leitura" -- núcleo formado por acervo de literatura, informação e lazer em parques da cidade, funcionando aos domingos, das 9h30 às 16h. Os novos "bosques" ficam no Capão Redondo e em Pirituba. Vão se somar a outros seis em atividade.

Atualmente, a cidade de São Paulo conta com 55 bibliotecas municipais (fora a Mário de Andrade, em reforma, e as do Centro Cultural São Paulo), dez pontos de leitura (com acervos menores, de até 2 mil exemplares, em parcerias com ONGs). Nos últimos quatro anos, a Secretaria de Cultura gastou R$ 5,5 milhões na compra de 7.950 novos livros para o acervo público, e R$ 1,5 milhão, em periódicos.

Aberta em SP a 14ª Primavera dos Livros

Começou ontem, no Centro Cultural São Paulo, a 14ª Primavera dos Livros, encontro de editores independentes promovido pela Libre-Liga Brasileira de Editores. Além de debates, lançamentos e oficinas infanto-juvenis, os livros estão com descontos de 10% a 40%, em todos os 61 estandes, até domingo.

O evento foi aberto por Renata Borges (ed. Peirópolis), que encerrou mandato e transmitiu a presidência da Libre para Cristina Warth (Pallas). A inauguração, seguida de coquetel, teve a presença de Vera Lúcia Wey, da Imprensa Oficial do Estado, que imprimiu todo o material gráfico da Primavera dos Livros São Paulo 2009, Maria Zenita Monteiro, responsável pelo Projeto Ônibus-Biblioteca, uma parceria da Libre com a Secretaria de Cultura, de Paz Pérez Catalá, da Embaixada da Espanha, patrocinadora da vinda ao Brasil de editores independentes de Barcelona, e Vera Cardin, coordenadora técnica de projetos do Centro Cultural São Paulo.